A Semana Santa, como se sabe, obedece ao calendário litúrgico da Igreja Católica, constituindo-se na semana anterior à Páscoa. Nos primórdios do cristianismo, não
havia a comemoração litúrgica da chamada “Semana Santa”. Segundo estudiosos [1], nos três primeiros séculos, só
havia a comemoração da Páscoa, e da Santa Ceia. No IV
Século, foram incluídos a 5ª. Feira santa, a sexta-feira santa, e o sábado santo, expandindo a festa da Páscoa.
Nessa época, termina a Quaresma, que significam
os “40 dias que vão da quarta-feira de cinzas até domingo
de Páscoa, destinados, pelos católicos e ortodoxos, à penitência; quarentena” [2]. Na quaresma, contam-se quarenta
dias (daí seu nome) de penitências. Na sexta-feira santa,
comemora-se a morte de Jesus, na Igreja Católica. Não há,
no NT qualquer referência a essa expressão. Na quinta
Feira Santa, a Igreja Católica inclui a comunhão e a cerimônia do lava-pés. Há algumas igrejas evangélicas (como
a Igreja de Deus) que adotam essa cerimônia.
Nas igrejas Oriental e Igreja Anglicana, há um rito
semelhante ao da Igreja Católica. Entre os evangélicos, em
geral, a semana Santa não faz parte do calendário litúrgico.
Mas as igrejas aproveitam a época para evidenciar o valor
da paixão, da morte e da ressurreição de Jesus.
A Páscoa é uma festa tipicamente judaica. Vem da
palavra passach, que significa “passar por cima”, “saltar
por cima”. Refere-se à passagem do anjo destruidor, que
foi ordenado por Deus para derramar o juízo sobre o Egito,
face à dureza de Faraó, que não queria libertar os hebreus
do cativeiro. (Ver Ex 12.21 e ss). A festa da Páscoa comemora a libertação dos hebreus.
Naquela festa, era sacrificado o cordeiro pascal; o
seu sangue era espargido sobre os umbrais das portas das
casas, para que o anjo destruidor não atingisse o lar que
tinha esse sinal. Era celebrada desde o por do sol do décimo quarto dia do mês de Abibe (na primavera; depois esse
mês foi chamado de Nisã); nos primeiros sete dias, os judeus não podiam fazer qualquer obra, ou trabalho; esse
tornou-se o primeiro dos meses do ano. No por do sol do
dia 14 de Nisã, o cordeiro era morto; era assado e comido
com pães asmos e ervas amargosas (Ex 12.8). Se a família
era pequena, podia unir-se a outra para comer um único
cordeiro; durante os sete dias, comiam-se pães asmos (sem
fermento);
A PÁSCOA E A SANTA CEIA Jesus, como judeu, comeu a páscoa, na véspera de
sua morte. Ele é chamado “nossa páscoa” (1 Co 5.7). Ele é o
nosso cordeiro pascoal. Jesus comemorou a Páscoa, mas
instituiu, na mesma ocasião, antes de sua morte, outra ordenança, ou outra solenidade, chamada a Santa Ceia. De acordo com a Bíblia, na Santa Ceia, comemoramos a morte do
Senhor, e anunciamos a sua vinda (1 Co 11.23-26). Os cordeiros pascais eram figuras do verdadeiro “Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo”. A Santa Ceia aponta em
três direções:
1) Para o passado, relembrando a morte de
Cristo;
2) Para o presente, lembrando a eucaristia, ou a comunhão que deve haver do cristão com Deus, e com o seu
irmão;
3) Para o futuro, anunciando a Vinda de Jesus.
A páscoa judaica relembrava a saída do Egito, onde
os hebreus foram escravos. A Santa Ceia (eucaristia = comunhão) relembra a nossa saída do mundo do pecado, libertos por Cristo.
Os ingleses e os americanos comemoram a
“EASTER”.
É uma palavra germânica, que marca uma festa
que celebra a ressurreição de Jesus. Eles procuram dar à
páscoa cristã um caráter mais atualizado da celebração da
festa. Aí, entra a inovação do “coelho de páscoa”, do chocolate, do peru, etc., que nada tem a ver com o sentido da festa
judaica, e muito menos com a festa cristã, que comemora a
morte de Cristo, que é a Santa Ceia. É a páscoa deturpada,
que foge completamente ao sentido original da comemoração bíblica do AT. E foge mais ainda do sentido da Santa
Ceia do Senhor. Assim, o cristão não tem obrigação de comemorar a Páscoa, que é festa judaica. Mas deve participar
da Santa Ceia do Senhor, que foi instituída por Jesus.
Pr. Elinaldo Renovato de Lima
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