Sem
ajuda, e sem
ser iluminado,
o pecador em sua condição natural e sem o evangelho jamais
encontrará seu caminho para Deus. Na verdade, ele nem estará em
busca desse caminho. “O
homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe
são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente” (1 Coríntios 2.14). Ele
está morto e
cego, espiritualmente falando, sem esperança de encontrar, por si
só, a Deus.
Mas
mesmo quando pecadores estão diante da apresentação do evangelho
da cruz, eles a rejeitam. 1 Coríntios 1.18 declara: “Certamente,
a palavra da cruz é loucura para os que se perdem”.
Mesmo quando se mostra ao pecador o
único caminho da salvação,
ele o ignora e rejeita. Por outro lado, 1 Coríntios 1.18 prossegue
dizendo: “Mas
para nós, que somos salvos, poder de Deus”.
A suposta sabedoria humana – aquilo que a teologia natural nos diz
que levará o homem a Deus – força-o a
rejeitar a mensagem da cruz e
o único poder que existe que pode salvá-lo.
E o que Deus pensa da
sabedoria humana? Paulo continua em 1 Coríntios 1.19-20:
Pois está escrito:
“Destruirei
a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos.
Onde
está o sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste século?
Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo?”
Em
outras palavras, reúna
as melhores mentes,
os comunicadores mais bem articulados, os melhores debatedores –
deem-me a elite, e
eu lhe mostrarei um grupo de tolos. Em
Atos 17, Paulo está em Atenas, e o texto bíblico relata: “…seu
espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade”
(Atos 17.16).
No Areópago – o local de encontro dos filósofos e intelectuais da
época – Paulo ousadamente confrontou a risível ignorância deles
e proclamou a única mensagem pela qual poderiam ser salvos.
“Senhores
atenienses! Em
tudo vos vejo acentuadamente religiosos;
porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei
também um altar no qual está inscrito: Ao Deus Desconhecido. Pois
esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos
anuncio. O
Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe,
sendo ele Senhor do céu e da terra, não
habita em santuários feitos por mãos humanas.
Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa
precisasse; pois
ele mesmo é quem a todos dá vida,
respiração e tudo mais; de um só fez toda a raça humana para
habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos
previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para
buscarem a Deus se,
porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de
cada um de nós; pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como
alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos
geração. Sendo, pois, geração de Deus, não devemos pensar que a
divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados
pela arte e imaginação do homem. Ora, não
levou Deus em conta os tempos da ignorância;
agora, porém, notifica
aos homens que todos, em toda parte, se arrependam;
porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com
justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de
todos, ressuscitando-o dentre os mortos (Atos 17.22-31).
Aquelas
eram, quem sabe, as
mentes mais argutas do mundo naquela época,
e o melhor que conseguiam fazer era colocar uma placa para servir de
rede de segurança para quaisquer divindades que tivessem esquecido.
Talvez isso seja o melhor a se esperar da teologia natural – a
sensação de culpa de ter esquecido do verdadeiro Deus do
universo.
Voltando
a 1 Coríntios 1, indo ao clímax do texto, lemos no versículo
21: “Visto
como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria
sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura
da pregação”.
Com efeito, essa é a Grande Comissão em outras palavras. A
única esperança de salvação vem através da pregação da
cruz. Paulo
reconhece que tal mensagem é escândalo para os judeus e pura
estupidez para os gentios (1 Coríntios 1.23), no que ele está
certo. A partir da perspectiva humana, crer que a morte horrenda e
humilhante de um carpinteiro judeu há mais de dois mil anos traz
qualquer impacto à vida moderna – quanto mais oferecer alguma
espécie de sacrifício substitutivo por nossos pecados – soa como
maluquice. Mas conforme Pedro audaciosamente exclamou aos sacerdotes
e líderes de Israel, “E
não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não
existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que
sejamos salvos” (Atos 4.12).
E
por que a salvação se encontra apenas e tão somente em
Cristo? Paulo
fornece a resposta em 1 Coríntios 1.29-31: “A
fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. Mas vós sois
dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus,
sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, para que, como
está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor”.
Em última análise, o evangelho não existe para o orgulhoso, para o
arrogante, ou para aqueles que acham que chegam a Deus por seus
próprios esforços. Deus intencionalmente se utiliza de uma
mensagem louca para nos humilhar e
para assegurar que ninguém possa se vangloriar de sua inteligência.
Ele escolheu a cruz para sufocar qualquer inclinação nossa de
pensar que chegamos a ele por mérito próprio. Toda
a glória deve ser dada a Deus.
O trecho abaixo foi extraído do livro Boas Novas, de John MacArthur.
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