INTRODUÇÃO
Na primeira parte do Evangelho de João (entre os capítulos 1 -11) o evangelista narra vários encontros de Jesus. Logo no início do evangelho, por exemplo, temos um encontro entre Jesus e João Batista, depois Jesus e Natanael, Jesus e Nicodemos, Jesus e a mulher samaritana, etc.
Nesses encontros Jesus faz um diálogo com todos esses personagens e nos deixa vários ensinamentos. Jesus se mostra muito sensível em relação a todas essas pessoas. Ele se mostra um conhecedor da vida delas, ele perdoa aquilo que a sociedade não havia perdoado, se aproxima dos rejeitados e realiza vários milagres.
No texto que lemos, temos um encontro entre Jesus e um homem, conhecido como o paralítico de Betesda. Esse encontro acontece no meio de uma Jerusalém em festa, no entanto, quando Jesus encontra este homem, ele não tem muito que festejar. Jesus o encontra num local chamado Tanque de Betesda, que tem como significado Casa de Misericórdia. Neste local não estava apenas o paralítico, mas uma multidão de pessoas enfermas.
Como em todos os outros, esse encontro é fantástico. Afinal, Jesus nunca passa despercebido e sempre nos surpreende. Vejamos alguns pontos de destaque desse maravilhoso encontro:
O CONTRASTE ENTRE FESTA E TANQUE (VERSÍCULOS 1-4)
Nosso texto inicia dizendo que Jesus subiu a Jerusalém e que ali estava acontecendo uma festa. A bíblia não diz qual era a festa, dizia apenas que era uma festa dos Judeus. Havia três festas especiais que os judeus celebravam: a Páscoa, o Pentecostes e a Festa dos Tabernáculos. Mas seja qual for, o que eu quero destacar que é que Jerusalém estava em Festa.
Entretanto, percebe-se um contraste muito grande a festa e o tanque. A festa acontecia no templo, que tinha uma imagem muito negativa naquela época. O templo era um lugar de exploração. A elite do judaísmo estava na festa. O tanque era o local do povo, dos menos favorecidos. Nesse caso, mais ainda que menos favorecidos, o tanque era um local de enfermos. Vamos ver as principais diferenças entre a festa e o tanque:
1.1 – A FESTA
1.1 Festa é lugar de alegria.
Exemplo disso é você se lembrar qual foi a última vez em que você deu uma festa. Qual era o seu sentimento ao realizar a festa? Quem você convidou para esta festa? O que aconteceu nessa festa?
Quando damos uma Festa ou participamos de uma nós nos alegramos, nos divertimos e, mesmo que estejamos passando por algum problema temos facilidade de esquecer enquanto estivermos envolvidos na festa.
Compartilhar a mesa, comer com os familiares e amigos, brincar, tudo isso acontece numa festa e nos deixa alegres.
Essa festa em Jerusalém era um lugar de alegria. Com certeza tinha muito vinho (O vinho simbolizava alegria). Deveria ter muita musica, muita dança, muita comida, pessoas bem vestidas, pessoas importantes perante a sociedade, enfim, um lugar de alegria. Quem estava ali queria mais é aproveitar aquele momento.
1.1.2 Festa é lugar de satisfação.
A festa é o resultado final de algo em que se obteve êxito. Uma festa de aniversário, por exemplo, se comemora um ano que se passou. Uma festa de formatura se comemora um curso de longos anos que chegou ao fim, Uma festa de Bodas comemora-se anos de casamento e vida conjugal, ou seja, existe uma satisfação, orgulho por estar ali. Satisfação é prazer. As vezes as pessoas gastam uma grana para dar uma festa (muitos gastam até sem ter), mas até mesmo quem gasta sem poder, faz isso com uma enorme satisfação, porque existe um contentamento no que se está fazendo.
Essas festas dos judeus tinham como costume relembrar de momentos históricos, momentos vividos pelos judeus em tempos anteriores, ou seja, era um lugar de celebração e tudo isso era feito com muito prazer. Todos que ali se envolviam, faziam isso com muita satisfação.
1.1.3 Festa é um lugar de se encontrar com muitos amigos.
Quando você prepara uma festa, algo que faz parte dos preparativos é a lista de convidados. E quanto mais pessoas você coloca na lista, mais pessoas aparecem. Às vezes até quem você não convida vai. Sabe por quê? Porque é muito fácil ter amigos nos momentos de Festas.
Ali em Jerusalém, na festa dos judeus, era um local para eles de se encontrar com os amigos. Seja amizades sinceras ou não, ali era um local de relacionamentos.
Em uma festa você tem a oportunidade de reunir todos aqueles que você não conseguiria reunir em condições normais, então a festa te proporciona essa oportunidade de encontrar com os amigos.
1.2 – O TANQUE:2.1
O tanque é um lugar de tristeza.
Aquele local era procurado por ser um local de milagres, mas mesmo que ali houvesse alguns milagres, mesmo que esta expectativa fizesse parte da vida de todos aqueles enfermos, esse lugar era um local de tristeza. Era um local de tristeza porque ninguém estava ali por opção. Ah! Eu não tenho nada pra fazer hoje. Aonde eu vou? Já sei, vou dar uma volta no tanque de Betesda. Não! Não era assim! As pessoas que estavam lá eram pessoas tristes, pessoas que buscavam algo além das suas limitações. E naquele lugar não estavam poucas pessoas, estava uma multidão de pessoas.
Todos nós vivemos os dois momentos na vida: Vivemos o momento de Festa e vivemos o momento de tanque. Se pudéssemos escolher, viveríamos apenas a festa, mas o tanque também faz parte da nossa vida. Ninguém planeja os momentos de tristeza, mas eles fazem parte da vida. Seja o problema de qual ordem for, não apenas uma enfermidade, todos nós vivemos os momentos de tristezas. A tristeza não faz parte da Festa, a tristeza faz parte do Tanque.
1.2.2 O tanque é um lugar de frustração.
Fazia parte de uma crença popular que um anjo agitava a água daquele tanque e quem entrasse na água após ela se agitar era curado de qualquer enfermidade.
Imaginem uma multidão de pessoas. Aquela água parada. De repente, viam a água se agitar e uma multidão de pessoas começavam a entrar na água. Algumas eram curadas, afinal, ninguém ficaria ali se elas não vissem realmente pessoas sendo curadas. Porém, a maioria das pessoas não eram curadas. Isso gerava frustração, como era o caso do paralítico da nossa história.
A frustração também faz parte da nossa vida, porque assim como a multidão que ficava no tanque, quando estamos nos nossos momentos de dificuldades, nós queremos que as coisas sejam resolvidas logo, no nosso tempo. Porém, nem sempre são resolvidas, e quando são, nem sempre é no nosso tempo. Nós podemos até não desanimar, mas muitas vezes nós ficamos frustrados.
Quantas vezes quando alguém da nossa família adoece, nós queremos que o Senhor imediatamente cure essa pessoa, porém, quantas vezes nós nos frustramos, pois o que queremos nem sempre é o que acontece, ou quando acontece, não acontece no nosso tempo. Quando a gente para num hospital a gente quer ir embora o quanto antes, mas nem sempre é isso que acontece. Quantos problemas nós enfrentamos e desejamos que eles logo sejam resolvidos, mas nem sempre são. Muitas pessoas que estavam naquele tanque não conseguiram o que queriam e muitos não conseguiram no tempo que queriam, talvez tenha demorado muito mais.
1.2.3 Tanque é um lugar de poucos amigos.
Quando é festa, até quem a gente não convida está perto. Quando estamos no “tanque”, às vezes contamos com bem poucos ou em alguns casos, nenhum amigo. Aquele homem estava sozinho. Ele mesmo disse que não tinha ninguém que o levasse até as águas após elas serem agitadas.
O tanque é marcado pela individualidade. Quando as águas se agitam, aquele que primeiro chega à água é curado. As pessoas ali não se importam uma com as outras. As vezes estamos tão preocupados com os nossos problemas que não conseguimos olhar para quem está perto de nós e precisando da nossa ajuda. As vezes aquela pessoa que poderia nos ajudar, que poderíamos dividir o problema está tão envolvida com o seu problema que não se importa com o nosso.
2 . O SENHOR JESUS SEMPRE ESTÁ SENSÍVEL AOS NOSSOS PROBLEMAS (VERS. 5-6)
Nos momentos em que enfrentamos nossos problemas, nossas dificuldades, todos os amigos podem nos faltar, mas o Senhor Jesus não nos falta. O Senhor Jesus é aquele amigo que está conosco nas Festas, mas também está conosco no tanque.
A Bíblia diz que o paralítico estava nessa situação há 38 anos. Não se sabe quantos anos ele tinha e não se sabe por que ele ficou assim, existe uma linha de interpretação de que esse homem tenha ficado assim como conseqüência de um pecado, mas nada disso se pode afirmar. No entanto, o que importa é que o Senhor Jesus se sensibilizou com este homem.
Jesus chega a Jerusalém, mas ele não vai primeiro no templo, na Festa. Ele vai primeiro no tanque. É naquele tanque que estava o tipo de pessoas que Jesus mais dedicou o seu ministério.
Jesus chega naquele tanque. Depara-se com uma multidão de pessoas. Observa o que estava acontecendo. De repente Jesus vê um homem e percebe que naquele homem havia uma limitação maior que os outros. Jesus se sensibiliza com aquele homem e o oferece a cura.
Meu irmão, não tenho como te dizer que o Senhor vá resolver todos os seus problemas e que você não vá mais enfrentar nenhum momento difícil na vida. Mas eu posso te garantir que quando você se aproxima de Cristo, que quando você deposita a sua Fé no Senhor, até mesmo os problemas mais difíceis da vida serão enfrentados de forma diferente, porque quando nós caminhamos com o Senhor nós somos mais fortes.
3. NÓS SOMOS LIMITADOS DIANTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS. (VERS. 7)
Jesus ao ver aquele homem, chega até a ele e o oferece a cura. O homem não conhece Jesus, mas ele conhece o seu problema, ele conhece as suas limitações e responde a Jesus dentro das suas limitações: “Não tem ninguém que me coloque na água quando ela é agitada, mas sempre entra outras pessoas antes de mim”.
Esse homem não conhecia Jesus, mas nós conhecemos. E mesmo assim, quantas vezes nós olhamos em volta, olhamos as circunstâncias dos nossos problemas e não vemos saída. Quantas vezes chegamos numa situação onde nós olhamos e pensamos: “Não tem mais jeito”. Mas o Senhor Jesus é capaz de pegar aquilo que aos nossos olhos é impossível e transformar, mudar, restaurar completamente a situação em que estamos passando.
Em II Reis capítulo 4 temos a história de uma mulher que procura o profeta Eliseu. Ela era uma viúva, e além de ter perdido o marido, corria risco de perder os seus filhos como escravos para pagar as dívidas que o marido havia deixado. Eliseu vira para aquela mulher e pergunta: “O que eu posso fazer por você? O que você tem em casa?”. Aquela mulher responde: Eu não tenho nada se não uma botija de azeite. Ou seja, o que esta mulher tinha em sua casa era insignificante demais para ela, mas aquilo que ela considerava como nada, foi o que o Senhor utilizou para realizar um milagre em sua vida.
Deus muitas vezes trabalha a partir daquilo que nós temos, mesmo que aos nossos olhos seja algo insignificante.
Jesus mostra para aquele homem que ele é muito maior que o tanque. O homem era dependente do mover da água do tanque, o Senhor Jesus não. No mesmo capítulo, logo após o texto que lemos, Jesus é questionado por curar este homem no sábado e, ele se declara maior que o sábado, como também se declara Filho de Deus e igual ao Pai. Nós somos limitados, Jesus não!
4. JESUS TEM PODER PARA MUDAR COMPLETAMENTE A NOSSA REALIDADE (VERS. 8-15)
Diante de Jesus estava um homem sofrido, frustrado, sem perspectivas, excluído, esquecido, escravizado. Determinadas situações escravizam o ser humano. Existe um objeto que ao mesmo tempo era bom e ruim na vida deste homem, benção e maldição. Esse objeto era o leito, a cama. Diferente do que nós temos hoje como definição de cama, esse leito era um objeto que esse paralítico utilizava para ficar deitado. Algo tipo uma maca ou um colchonete, algo que não era tão difícil de carregar. Toda vez que esse homem se rastejava ou era levado até um determinado lugar aquele objeto o acompanhava pois ele ficava prostrado sobre essa cama. Ou seja, por um lado era benção, mas por outro lado não. O lado positivo é que essa cama era um lugar de repouso. Ele não precisava ficar deitado no chão puro, duro. Essa cama amortecia o seu corpo, era de extrema importância para a sua situação.
O lado ruim é que ela o dominava. Ela o mantinha imóvel, ela tirava sua liberdade. Ele não podia ir aonde queria, ele era um inválido e essa cama carregava esse inválido. Esse leito é mencionado quatro vezes (versículos 8,9,10,11). Ou seja, essa era a realidade desse homem: Um inválido, prostrado em uma cama. Ele não via perspectivas, mas diante dele estava um homem, que embora ele não soubesse quem era, era nada mais, nada menos que Jesus e, Jesus pode mudar qualquer situação. E foi assim que Jesus fez.
Jesus não levanta aquele homem. Jesus não espera a água se mover para levá-lo em direção a água, mas Jesus o capacita para que ele mesmo se levante e caminhe. Jesus dá uma ordem tríplice a esse homem: “Levanta, toma a tua cama e anda”.
Aquela cama carregava o homem inválido, mas agora, curado é ele que carrega a cama, porque quando Jesus cura este homem ele ganha mais que a cura, ganha a liberdade daquilo que o escravizava.
Talvez aquilo que tem te levado a beira do tanque não seja uma doença física, mas espiritual. As doenças espirituais, o pecado escraviza o ser humano. Talvez você viva uma vida de pecado onde você se veja escravizado pelo seu pecado. Aquilo que dominava tantas pessoas, quando estas se encontram com Jesus, o Senhor Jesus as cura, dá liberdade e elas que passam a dominar aquilo que as dominava.
5. SE AFASTE DA RELIGIOSIDADE, POIS ELA CEGA O HOMEM DE VER O AGIR DE DEUS (VERS. 16-18)
Diante de algo tão magnífico realizado por Jesus, os religiosos não conseguem enxergar a maravilha que Jesus faz, porque estão cegos em sua religiosidade. A religiosidade cega. Existia uma Lei mosaica, desde o antigo testamento. Essa lei não permitia que os judeus fizessem qualquer esforço no sábado. Aqueles homem vêem o ex-paralítico carregando a cama, mas eles estão tão cegos que eles não conseguem perceber a maravilha que está diante deles. Um homem antes paralítico e dominado por uma cama, agora carregando a cama que o dominava. Eles não conseguem ver isso. Para eles, o não fazer algo no sábado é maior do que tudo aquilo que Jesus fez por esse homem.
Só que para Jesus não. Da mesma forma que o tanque não é maior do que Ele, o sábado também não é. Jesus é maior do que o sábado, Jesus é maior do que o tanque, Jesus é maior que o seu problema, Jesus é maior que tudo.
Não siga religião, siga a Cristo. Não fique preso nas tradições, mas valorize o reino. Antes de julgar tudo e todos, veja se o que você está julgando contribui para o reino.
CONCLUSÃO:
Jesus entra na vida deste homem e faz uma mudança radical. Jesus nesta manhã quer nos curar: Nos curar do nosso orgulho, da nossa vaidade, da nossa individualidade, do nosso egoísmo. Jesus quer nos curar da vida de fraqueza que vivemos, da falta de vontade de servi-lo. Jesus quer tirar todo o desanimo da nossa vida.
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