Nesta apresentação, falaremos um pouco sobre a vida de Lewis, sua obra e seu pensamento, para assim mostrar que ele é mais do que um autor de literatura fantástica. C.S. Lewis foi também um teólogo leigo, um apologeta da fé cristã e, principalmente, um crítico literário de erudição ímpar.
C.S. Lewis pode ser considerado, sem medo nenhum, o G.K. Chesterton que o século XX mereceu. Não apenas por ter sido fortemente influenciado pelo polemista inglês, mas porque, assim como Chesterton, Clive Staples Lewis foi o profeta do senso comum de sua época e continua a sê-lo até os dias de hoje.
Se você se interessa por temas como filosofia e literatura medievais, teologia, apologética e crítica social, a obra desse importante autor é mais do que recomendável, é obrigatória!
Leia este texto até o fim, pois preparamos algumas dicas para você!
Biografia de C.S. Lewis
C.S. Lewis nasceu em 1898 em Belfast, na Irlanda. Lewis perdeu sua mãe ainda muito novo, o que foi uma espécie de estopim para gerar nele questionamentos que, mais tarde, guiariam sua obra e sua trajetória espiritual e intelectual.
Clive Staples Lewis foi, por grande parte da vida, assumidamente um ateu com tendências freudianas, principalmente após sua participação na I Guerra Mundial. Seu desagrado com a religião fez com que ele tentasse se afastar de tudo que era relacionado a algum deus.
Foto originalmente publicada em National Review no texto Tolkien, Lewis and the Great War.
Sua tentativa, apesar de válida, foi completamente falha. Com o tempo, C.S. Lewis foi percebendo que a maioria esmagadora dos autores que lia e admirava profundamente eram não apenas religiosos, mas especificamente cristãos.
Desde
Santo Agostinho,
Santo Tomás de Aquino e Dante Alighieri até George MacDonald, John Milton e G.K. Chesterton. “Como podiam ser tão inteligentes e crer nesse conto de fadas religioso?”, perguntava-se constantemente C.S. Lewis.Foto originalmente publicada em C.S. Lewis Foundation no texto Who Is C.S. Lewis?
Foi em uma conversa com seu amigo J.R.R. Tolkien que C.S. Lewis aceitou o cristianismo puro e simples e, após a leitura de The Everlasting Man de G.K. Chesterton, Lewis finalmente se tornou um cristão.
Sua conversão fez com que sua produção literária, que já era bastante extensa, se tornasse ainda maior, o que o levou a ter uma grande relevância e permitiu que seus livros cruzassem o oceano, chegando aos Estados Unidos da América.
Foi nos Estados Unidos que uma jovem escritora divorciada e com dois filhos, Joy Davidman, conheceu os livros de Clive Staples Lewis.
Foto originalmente publicada em Christianity Today no texto C.S. Lewis’ Joy in Marriage.
Quando certa vez Joy Davidman foi à Inglaterra com seus filhos, teve a oportunidade de conhecer C.S. Lewis. Depois de muitas conversas, começaram a criar laços afetivos, que mais tarde culminaram no casamento deles em um quarto de hospital em que Joy Davidman estava internada devido a uma doença que tinha.
O relacionamento de Clive Staples Lewis e Joy Davidman durou cerca de quatro anos. Nesse meio tempo, C.S. Lewis produziu aquele que viria a ser um de seus livros mais importantes, The Four Loves.
Após esse período casados, Joy Davidman sucumbiu à doença e acabou falecendo.
A morte de Joy foi um choque para Lewis, que o fez cair em uma terrível depressão. Essa depressão foi responsável pela obra A Grief Observed, sob o pseudônimo de N.W. Clerk.
Foto publicada originalmente em Art Institute Chicago. Foto por Irving Penn – 1988.
O livro A Grief Observed foi elogiado por diversas personalidades, como o filósofo Nicholas Wolterstorff, o poeta
T.S. Eliot e as escritoras
Dorothy L. Sayers e Madeleine L’Engle – que escreveu o prefácio de A Mente do Criador, de Sayers.
Clive Staples Lewis morreu em 22 de novembro de 1963, aos 64 anos, de um ataque no coração.
Durante sua vida, Clive Staples Lewis, além de ser conhecido como um grande apologista da fé cristã, foi também um conceituado crítico literário. Clique no link a seguir para ver alguns dos nossos livros
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Por que C.S. Lewis é aclamado entre evangélicos e católicos?
De 1941 a 1944, durante a II Guerra Mundial, a BBC convidou o então autor de ficção e crítico literário C.S. Lewis para proferir uma série de palestras sobre os fundamentos da fé cristã.
Numa época em que a desesperança tomava conta dos indivíduos, o autor de As Crônicas de Nárnia, Clive Staples Lewis, foi incumbido de dar a razão da sua esperança para milhares de pessoas sem esperança.Foto originalmente publicada em Writing After Dark no texto Chronicles of Narnia.
Diante daquela situação, C.S. Lewis deveria falar para o maior número de pessoas possível, caso contrário de nada adiantariam suas palestras. Foi isso que levou C.S. Lewis a falar sobre o solo comum que unia todos os cristãos.
Graças à sua notória erudição, Clive Staples Lewis foi capaz de falar a todos os cristãos, conseguindo manter as subdivisões cristãs como secundárias. C.S. Lewis expôs, literalmente, o cristianismo puro e simples, que pode ser considerado ecumênico, ou seja, comum a todos os cristãos.
Por falar com tanta clareza e tanta afinidade sobre os temas principais do cristianismo, não apenas em seu livro Cristianismo Puro e Simples, mas em todos os outros que aborda essa temática, C.S. Lewis acabou por ficar popular entre os mais diversos meios do cristianismo.
Foto originalmente publicada em My 22 Weeks of Worship Project no texto Club Book: Mere Christianity.
Suas obras são lidas entre Católicos Romanos, Ortodoxos, Presbiterianos, Anglicanos, Luteranos, Metodistas e diversas outras denominações cristãs.
É influência para grandes autores da atualidade, como Tim Keller (pastor Presbiteriano) e Peter Kreeft (filósofo Católico Romano).
Qual a relação de C.S. Lewis com J.R.R. Tolkien?
O autor de diversos best-sellers, como Cristianismo Puro e Simples e As Crônicas de Nárnia, começou a ter uma notória relevância após a sua conversão, devido ao crescente número de publicações que começaram a surgir.
A conversão de Clive Staples Lewis foi importantíssima para que ele se tornasse esse gigante da literatura que é hoje.
Sua amizade com J.R.R. Tolkien, autor de O Senhor dos Anéis, foi de vital importância nesse processo de transição de um ateu convicto para um teísta e, daí, finalmente, para tornar-se cristão.
Foto originalmente publicada em Variety no texto ‘Lord of the Rings’ Spoke to 1960s College Kids – and to United Artists.
Certa vez, ao conversar com seus amigos Hugo Dyson e J.R.R. Tolkien a respeito da natureza dos mitos, Tolkien disse a Lewis que os mitos, assim como os contos de fadas, não são mentiras, mas verdades parciais, encobertas.
Clive Staples Lewis se impressionou porque nunca havia enxergado o tema por essa ótica. C.S. Lewis entrou nessa conversa como um ateu e saiu como um teísta, contudo ainda não um cristão.
Após ler The Everlasting Man de G.K. Chesterton, Lewis disse que abandonou a simples crença em alguma divindade para finalmente abraçar a crença em Jesus Cristo e, portanto, o Cristianismo.
Foto originalmente publicada em Christianity Today no texto G.K. Chesterton: “Enormous”, Essayist, Poet, Writer.
Caso C.S. Lewis, o autor de Cristianismo Puro e Simples, não tivesse conhecido J.R.R. Tolkien, autor de obras como O Senhor dos Anéis e O Hobbit, talvez não tivéssemos aquele que foi um dos maiores marcos da literatura fantástica e da teologia cristã do último século.
De igual forma, caso J.R.R. Tolkien não tivesse conhecido C.S. Lewis, não teríamos hoje obras como O Hobbit e o próprio O Senhor dos Anéis.
Foi C.S. Lewis quem incentivou Tolkien a publicar seus livros e, aproveitando sua representatividade no meio acadêmico e até mesmo diante de parte da mídia da época, Lewis escreveu diversas resenhas sobre a obra de Tolkien de maneira bastante entusiasmada.
A amizade de Lewis e Tolkien era tão forte que acabou por virar motivo de ciúme para a mulher de Tolkien, Edith. Assim como virou tema do livro de Colin Duriez Tolkien and C.S. Lewis: the gift of friendship.
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Embora C.S. Lewis fosse um entusiasta das obras de J.R.R. Tolkien, o inverso não era verdadeiro. Tolkien foi, possivelmente, um dos críticos mais ferrenhos da obra de Lewis.
Frases de C.S. Lewis
Tudo que não é eterno é eternamente inútil.
Toda alegria lembra algo. Nunca é uma posse, sempre é um desejo por algo remoto no tempo ou no espaço, ou ainda ‘prestes a vir a ser’.
Deus sussurra em nossos ouvidos por meio de nosso prazer, fala-nos mediante nossa consciência, mas clama em alta voz por intermédio de nossa dor; este é Seu megafone para despertar um mundo surdo.
Um homem não pode defender a verdade o tempo todo; é preciso que também haja um tempo para alimentar-se dela.
A simples mudança não é crescimento. Crescimento é a síntese de mudança e continuidade, e onde não há continuidade não há crescimento.
Se descubro em mim mesmo desejos que nada nesta terra podem satisfazer, a explicação mais razoável é que eu fui feito para outro mundo.
Se eu fosse lhe recomendar uma religião para fazê-lo se sentir confortável, certamente eu não recomendaria o cristianismo.
O cristianismo é a história de um Rei por direito que desembarcou disfarçado em Sua terra e nos chama a tomar parte em uma grande campanha de sabotagem.
Conclusão
O objetivo deste guia para compreender o autor foi apenas mostrar que C.S. Lewis é não só um autor de literatura fantástica, mas também um pensador que merece atenção.
Caso você tenha se interessado em conhecer a obra de Lewis, listamos alguns livros indispensáveis para conhecer o autor e seu contexto intelectual.
Livros recomendados para conhecer C.S. Lewis e seu contexto intelectual
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