A maioria das pessoas, no mundo, não
sabe agradecer. É comum os filhos não
serem gratos a seus pais. Esquecem-se
de que, quando pequenos, impotentes,
sem condições de suprir suas necessidades primárias, foram os pais e as mães que os embalaram nos braços, quem os alimentou, vestiu, protegeu,
educou, encaminhando-os para a vida.
Há jovens que
preferem contrariar a opinião de seus pais, de suas
mães, mesmo crentes em Jesus, e passam a ouvir os
conselhos dos ímpios.
Há esposos que não são gratos a suas esposas.
Muitos possuem bens, recursos financeiros, estudos, e
muito mais, graças à cooperação de suas companheiras,
que tudo fizeram para ajuda-los a vencer as lutas da
vida.
Ouvi uma esposa dizer: “Pastor, meu marido se
formou com a minha ajuda, trabalhando para pagar
seus estudos; sacrifiquei-me, deixando de comprar o
que precisava para ajudá-lo. E, hoje, ele me deixou por
uma prostituta, abandonando a casa, os filhos...”.
É a
ingratidão, que é fruto do pecado, da ação maligna no
coração das pessoas.
Da mesma forma, há esposas que não sabem
ser gratas a seus maridos. Sabemos de casos em que,
por vaidade, causam tristeza, endividando-se, e criando
problemas morais para seus esposos. Há pessoas que
são beneficiadas por outras, em momentos difíceis da
vida, quando estão no “fundo do poço”, enfrentando
problemas sérios. Depois, passados algum tempo, esquecem-se dos amigos, virando-lhes as costas.
A humanidade é ingrata.
Os homens, em geral,
são ingratos para com Deus. Nos evangelhos, encontramos um fato que bem demonstra essa afirmativa. “E
aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passou pelo meio
de Samaria e da Galiléia; e, entrando numa certa aldeia,
saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais
pararam de longe. E levantaram a voz, dizendo: Jesus,
Mestre, tem misericórdia de nós! E ele, vendo-os, disselhes: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu
que, indo eles, ficaram limpos. E um deles, vendo que
estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz. E
caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano. E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove?
Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, senão
este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te e vai; a tua fé
te salvou” (Lc 17.11-19).
2
Na parábola dos dez leprosos, podemos anotar
algumas conclusões. Primeiro, eram dez homens doentes,
miseráveis, segregados do convívio social, pois a lei mandava que os mesmos fossem mantidos em lugares afastados, longe da família, e de todos, para não contamirem os
demais; era uma situação terrível.
O leproso recebia comida de longe, os portadores não podiam deixar o alimento próximo a ele. Muitos eram abandonados pela família, e dependiam de esmolas; alguns morriam logo, por
falta de assistência. Naquele tempo não havia hospitais
ou enfermarias.
Quando viram que Jesus se aproximava, os leprosos começaram a gritar: “Jesus, Mestre, tem misericórdia
de nós”! O Senhor, com grande compaixão, mandou que
os mesmos fossem apresentar-se ao sacerdote. Essa era
uma norma da lei. O sacerdote era a pessoa autorizada a
constatar se alguém estava com lepra, e passava a dar as
orientações higiênicas necessárias. No meio do caminho,
por terem obedecido à voz de Jesus, verificaram que estavam curados. Mas, curiosamente, somente um voltou
para agradecer, e este era samaritano, estrangeiro, pertencente a um povo inimigo dos judeus, por razões diversas. Ele voltou alegre, e prostrou-se diante do Senhor
“com o rosto em terra, dando-lhe graças”. Jesus, admirado, indagou: “Não foram dez os limpos? E onde estão os
nove?”.
A meu ver, essa parábola reflete o estado espiritual da humanidade. Talvez uns dez por cento, representado pelo samaritano, sabe agradecer a Deus as bênçãos
recebidas. Os agradecidos formam a igreja do Senhor.
Os 90% (os nove leprosos) são formados por pessoas
ingratas, que dão as costas para Deus, não reconhecendo
os benefícios advindos dos céus. São tantos.
A vida, a
saúde, a paz, a saúde, o alimento, o ar, a água, a capacidade de andar, de dormir, de viver; e, mais ainda, a salvação de graça, o amor de Deus, o perdão dos pecados, e
tantos inumeráveis bens. Mas a maioria prefere agradar
ao diabo, ao mundo, à carne, ao pecado. São os 10 leprosos. Beneficiados, abençoados, mas ingratos. Deus quer
que sejamos gratos a Ele: ““E a paz de Deus, para a qual
também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos” (Cl 3.15).
Pr. Elinaldo Renovato de Lima
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