Pais e Filhos :Compartilhando conceitos bíblicos com as crianças de modo que elas entendam


As crianças podem ter dificuldade para compreender as expressões que usamos comumente na igreja.
Palavras e expressões como justificação, santificação, escravidão ao pecado, morto em pecado, separação de Deus, confiança em Jesus, vida no Espírito, dependência de Cristo, mortificação do pecado, completude em Cristo, fé, aproximação de Deus e adoração soam como uma linguagem religiosa enigmática para as nossas crianças. Elas tentam adivinhar o seu significado e ficam frustradas quando suas tentativas falham.
Uma menina de cinco anos, crendo que sua mãe estava com uma doença grave, desesperada e cheia de emoção, fez um desenho de Jesus todo manchado, e pediu que o entregassem no quarto de sua mãe, no hospital. Ela lembrou bem a liturgia “Pelas suas feridas somos sarados”. E cria nisso. Mas o verdadeiro significado escapou à sua compreensão.
Os pais esperam de seus filhos atitudes e comportamentos que dependem em grande parte do discernimento espiritual, mas frequentemente as crianças não compreendem o conteúdo espiritual dessas expectativas. As crianças crescem em sua percepção do evangelho à medida que avançam de uma compreensão ingênua, palpável e sensorial do mundo para uma habilidade mais abstrata de interagir com conceitos. Isso é um processo; não podemos esperar que crianças pequenas pensem como adultos. Precisamos ensinar esses conceitos espirituais de maneira gentil e estimulante.
1) Não Misture Histórias Imaginárias com as Histórias Verdadeiras da Bíblia
Assistimos horrorizados a uma peça encenada no palco de uma escola cristã, na qual a desobediência de Jonas era retratada como se ele tivesse visitado a “Terra da Mamãe Gansa”. Os personagens da história da Mamãe Gansa tentavam orientá-lo espiritualmente e conduzi-lo de volta ao caminho para Nínive. As crianças de cinco e seis anos levaram consigo aquela experiência confusa sobre a diferença entre a intervenção sobrenatural de Deus na vida de seu povo e a história fictícia da Mamãe Gansa. Tivemos de esclarecer o conceito errôneo para os nossos filhos. Use outros meios que não sejamos personagens do entretenimento popular para ilustrar conceitos espirituais às crianças.
2) Não Banalize o Evangelho para Ser “Relevante”
Quando “apresentamos a Bíblia no nível delas”, o amor e a admiração das crianças pelas narrativas bíblicas aumenta rapidamente. As crianças crescerão em seu entendimento à medida que perceberem que a Palavra de Deus é diferente das outras literaturas. Ela é verdade. Ela é vida (Dt 32.45-47).
3) Ajude as Crianças a se Relacionarem com as Histórias Bíblicas Usando Expressão Corporal
Eu me lembro de Tedd (Tripp) em pé, em cima da mesa da cozinha, para demonstrar a altura e a largura de Golias. Ele marcou o comprimento de sua lança no chão e pediu que as crianças contassem os passos. Ele deu pedras para as crianças segurarem, a fim de que tivessem uma impressão mais real sobre o peso da armadura e das armas que Golias carregava. Depois, fez uma demonstração sobre o tamanho e os apetrechos de Davi. A confiança de Davi na força e no poder de Deus ganhou significado enquanto as crianças, com olhos arregalados, imaginavam-se usando as sandálias de Davi. Na próxima vez que os encorajamos a “confiar no Senhor”, essa frase obteve significado.
Lembro-me da apresentação de um devocional familiar durante uma longa viagem. Éramos Abraão, Sara e a sua família. Tedd disse que nunca voltaríamos para a casa, que não sabia para onde estávamos indo ou o que aconteceria ao longo do caminho, mas que Deus nos daria a orientação e a provisão necessária. Nossa longa viagem ilustrava a fé para obedecer a Deus e confiar em sua promessa de estar conosco. Esse conceito pode ser introduzido de uma maneira que desperte fé simples em um Pai celestial soberano que supervisiona os caminhos de Seus filhos.
Uma vez, encenamos o episódio do campo de Dura, quando os três jovens hebreus permaneceram em pé à sombra da estátua de ouro de Nabucodonosor, a qual tinha vinte e sete metros de altura. Imaginamos o rei ameaçando-os com a fornalha ardente, caso não se curvassem diante da estátua. A história ilustrava o amor e a lealdade a Deus, bem como a verdadeira coragem bíblica. Explicamos que esses rapazes estavam com medo. Não havia dúvidas de que seus joelhos estavam tremendo por debaixo de suas túnicas, enquanto enfrentavam o violento e poderoso Nabucodonosor. A confiança deles era diferente da valentia vigorosa e autoconfiante das confrontações humanas. Aqueles rapazes acreditavam que Deus os salvaria, mas, ainda que Ele não o fizesse, eles não se curvariam diante da estátua. A realidade eterna era mais importante para eles do que a existência temporal. Que exemplo para as crianças! Que exemplo de pessoas que viveram para a eternidade, e não para o presente!
Há uma dimensão interior da fé que é produzida pela obra do Espírito Santo no coração. Não podemos produzi-la por meio da função de pais, mas podemos proporcionar a “instrução formativa” necessária para que as crianças façam a ligação entre as palavras religiosas e sua realidade diária.
Existem conceitos básicos que precisamos compreender plenamente a fim de transmiti-los aos nossos filhos. Às vezes, precisamos desvendar o significado desses conceitos, assim nossos filhos não cairão na armadilha dos “jargões cristãos”. Outras vezes, são conceitos claros que exigem uma aplicação prática regular na vida diária.
Espero que esse texto de Tedd e Margy Tripp, trecho do livro "Instruindo o Coração da Criança", ajude-o a ensinar, de forma prática e eficaz, o Evangelho, a seus filhos.
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