Uma das coisas mais difíceis para controlar é a língua. Não é por acaso que o
apóstolo Tiago, irmão de Jesus, ensinou
que a língua é algo muito difícil de controlar: “Assim
também a língua é um pequeno membro e gloria-se de
grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno
fogo incendeia. A língua também é um fogo; como mundo de iniqüidade, a língua está posta entre os nossos
membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso
da natureza, e é inflamada pelo inferno” (Tg 3.3-6).
Uma das grandes tentações que levam o cristão a pecar
com a língua, é falar da vida dos outros, de preferência
divulgando coisas negativas. Uma ilustração conhecida
chegou às minhas mãos e desejo compartilhar nesta
reflexão:
“Olavo foi transferido de projeto. Logo, no primeiro dia, para fazer média com o novo chefe, saiu-se
com esta: Chefe, o senhor nem imagina o que me contaram a respeito do Silva.Disseram que ele... Nem chegou a terminar a frase E o chefe, aparteou: -Espere um
pouco, Olavo.
O que vai me contar já passou pelo crivo
das três peneiras? Peneiras? Que peneiras, Chefe?
-A primeira, Olavo, é a da VERDADE. Você tem certeza
de que esse fato e absolutamente verdadeiro?
-Não. Não tenho, não. Como posso saber? O que sei foi
o que me contaram.Mas eu acho que...E, novamente,
Olavo é interrompido pelo chefe: Então, sua história não
passou pela primeira peneira. Vamos, então, para a segunda peneira que é a da BONDADE.
O que você vai me
contar, gostaria que os outros também dissessem a seu
respeito? – Claro que não! Deus me livre, Chefe! Diz
Olavo, assustado. Então, - continua o chefe – sua história não passou pela segunda peneira. Vamos ver a terceira peneira, que é a da NECESSIDADE.
Você acha
mesmo necessário me contar esse fato ou mesmo passá
-lo adiante? – Não , chefe. – Passando pelo crivo dessas peneiras, vi que não sobrou nada do que iria contar,
fala Olavo, surpreendido.
- Pois é, Olavo, já pensou como as pessoas seriam mais felizes se todos usassem essas peneiras? Diz o
chefe, sorrindo, e continua.:
- Da próxima vez em que
2
surgir um boato por aí, submeta-o ao crivo dessas três
peneiras: VERDADE – BONDADE – NECESSIDADE, antes
de obedecer ao impulso de passa-lo adiante, porque: Pessoas inteligentes falam sobre idéias. Pessoas comuns falam sobre coisas. Pessoas medíocres sobre pessoas (são
fofoqueiros, mexeriqueiros).
Achei muito interessante essa reflexão, principalmente, quando a aplicamos à vida cristã. Somos um povo especial, zeloso e de boas obras (Tt 2.14). Somos geração eleita, sacerdócio real, povo adquirido por Deus
para uma missão especial (1 Pe 2.9), e não podemos nos
comportar como pessoas medíocres, que fazem parte da
ralé do mundo. Precisamos ter muito cuidado com o que
dizemos, ou falarmos, principalmente quando se trata de
falar a respeito de nossos irmãos em Cristo.
Uma jovem me procurou, chorando, e disse que
alguém a tinha acusado de ter praticado grave pecado
com um rapaz. Imediatamente, mandei chamar a pessoa
que levantara o assunto, e, na presença da moça, tudo
ficou comprovado que não passara de um engano, de um
mal-entendido. Alguém ouviu um descrente acusar a jovem, e imediatamente passou o boato à frente, causando
tod o um mal-estar sem necessidade. Se o caso fosse
levado à Justiça, seria objeto de um processo contra
quem veiculou a falsa notícia, como crime de calúnia e
difamação.
Fiquemos com o conselho: antes de levar qualquer informação sobre pessoas adiante, passemos pelas três peneiras: VERDADE, BONDADE, NECESSIDADE. Para passar
pela primeira, é melhor que nos informemos bem, indagando a quem nos procura: Tem certeza de que é verdade? Se não passar pela primeira, é melhor não passar o
caso à frente. E, se for verdade, ainda assim, como cristãos, devemos indagar se é bom divulgar. E se for bom,
ainda precisa passar pela peneira mais fina: se é necessário. Se não passar pelas três, não devemos falar para ninguém. Que o Senhor nos ajude a sermos bons mordomos
da língua. Cuidado com a raposa da língua grande!
Pr. Elinaldo Renovato de Lima
Social